Romance - No romance há uma regra uma acção central relativamente extensa, eventualmente complicada por acções secundárias dela derivadas. As personagens, normalmente em quantidade e complexidade mais elevadas do que nos restantes géneros narrativos, são atravessadas por conflitos íntimos, traumas e obsessões. Género por natureza propenso à representação do real, o romance tem no espaço uma categoria com funções particularmente relevantes: o espaço do romance, pela sua amplidão e pormenor de caracterização, revela potencialidades consideráveis de representação económico-social, em conexão estreita com as personagens que o povoam e com o tempo histórico em que vivem. A este tempo histórico não é estranho, naturalmente, o tempo como fundamental categoria narrativa, com incidências na história e no discurso narrativo do romance (o tempo da historia pode ser objectivamente calculado, mas é reelaborado pelo modo como é representado na narrativa), e com aspectos muito diversificados: enquadramento histórico propriamente dito, implicações psicológicas (tempo filtrado por vivências das personagens), alusões sociais.
O essencial sobre o texto dramático ou texto de teatro
Texto Dramático - A definição da essência do género dramático passa necessariamente pela previa distinção de dois fenómenos específicos: o teatro e a literatura.
Com, efeito nenhuma reflexão sobre o drama pode ignorar que o texto literário é sujeito, em termos de representação teatral, a um tratamento particular, desde logo sugerido pela complexidade técnica e material de que se reveste o local físico em que o drama é representado. Essa complexidade é determinada fundamentalmente pela existência de uma série de recursos extra literários, que vão das luzes às dimensões do palco e que se destinam a veicular o espectáculo teatral até ao publico em expectativa, sujeito ao operar dos recursos mencionados e submetido quase sempre a uma sensação de ilusão dramática. Por isso o drama apresenta-nos normalmente não um, mas dois textos paralelos, como se pode ver numa passagem do início do Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett (didascália introdutória do Ato primeiro e cena I).
Como se verifica, além da fala da personagem e das que lhe seguirão em cena, deparamos com uma espécie de texto segundo, não mencionado pelo discurso dos actores, mas indirectamente presente na representação: referimo-nos às indicações relacionadas com o cenário, com a posição dos personagens e com a entoação por elas assumida (por exemplo, «repetindo maquinalmente…»).
A, partir daqui, é possível aprender algumas das características essenciais do género dramático, as quais são susceptíveis de conexão distintiva com a narrativa. Deste modo, entender-se-á por drama toda a representação directa de uma acção consumada num tempo relativamente concentrado. O facto de essa representação ser directa implica não só a sua concretização perante um público, mas também a ausência de narrador; por outro lado, o facto de o drama ser sobretudo acção faz com que os acontecimentos sejam apresentados quase sempre de forma muito viva, processando-se os avanços bruscos no tempo com o auxílio de artifícios específicos (por exemplo a mudança de ato ou cenário).
Isto significa que a representação dramática afirma -se como resultado da interacção de recursos de três naturezas: literários, humanos e técnicos. Se voltarmos a atentar na passagem do Frei Luís de Sousa, teremos oportunidade de encontrar vestígios desses elementos. Assim, os recursos literários são constituídos, como se disse, pelo discurso das personagens e, de um modo geral, pela articulação da acção e das figuras que lhe dão vida enquanto componentes de um universo de ficção particular. Por sua vez, os recursos humanos serão sobretudo os autores que dão vida e interpretação à fala das personagens, sem os quais o texto dramático não pode ser activado. Finalmente, aos recursos técnicos correspondem todos os instrumentos que participam directa ou indirectamente na constituição da ilusão dramática: iluminação, guarda-roupa, efeitos sonoros, cenários, etc.
O Essencial Sobre o Texto Lírico
A poesia lírica não se enraíza no anseio ou na necessidade de descrever a realidade empírica, física e social, nem no desejo de representar sujeitos independentes do Eu, ou de contar uma acção. A poesia lírica enraíza-se sim, na revelação e no aprofundamento do Eu lírico, tendendo sempre esta manifestação a interrogar e a revelar a identidade do homem e do ser.
O mundo exterior, as coisas, os seres, a sociedade e os eventos históricos não constituem um domínio alheio ao poeta lírico. No entanto, o acontecimento exterior, quando está presente num texto lírico, tem sempre como função predominante evocar ou contextualizar uma atitude e um estado íntimo, suscitados por tal episódio ou tal circunstância na subjectividade do poeta. O texto lírico não comporta descrições semelhantes às de um texto narrativo; através dos elementos descritivos projectam - se simbolicamente as emoções, os estados íntimos do Eu.
Assim, no texto lírico, quer os elementos narrativos, quer os elementos descritivos, revelam a interioridade do Eu.
O texto lírico é alheio ao fluir do tempo - Nos textos líricos, a temporalidade, quando é representada, é como um elemento do mundo interior do Eu, concorrendo para a representação do que é central no universo lírico: uma ideia, uma emoção, uma sensação, etc.
O texto lírico é marcado pela concentração emotiva e expressiva - A grande maioria dos textos líricos tem uma extensão relativamente reduzida.
O texto lírico realiza, de modo singular, a simbiose da língua falada e da língua escrita. Se as características do texto lírico referidas pressupõem a performance oral do poema - mesmo que processada apenas interiormente através de uma leitura silenciosa - os aspectos relativos à forma impressa do texto pressupõem a compreensão e a fruição do poema como texto escrito, como objecto espacial de natureza visual.
O texto lírico é marcado pela concentração emotiva e expressiva - A grande maioria dos textos líricos tem uma extensão relativamente reduzida.
O texto lírico realiza, de modo singular, a simbiose da língua falada e da língua escrita. Se as características do texto lírico referidas pressupõem a performance oral do poema - mesmo que processada apenas interiormente através de uma leitura silenciosa - os aspectos relativos à forma impressa do texto pressupõem a compreensão e a fruição do poema como texto escrito, como objecto espacial de natureza visual.
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