Tudo o que faço ou medito
"Tudo o que faço ou medito
Fica sempre na metade.
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.
Que nojo de mim fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúcida e rica,
E eu sou um mar de sargaço
Um mar onde bóiam lentos
Fragmentos de um mar além...
Vontades ou pensamentos?
Não o sei e sei-o bem."
Na primeira quadra Pessoa fala sobre os seus sonhos e desejos. Dono de uma imaginação deliberante e febril, Pessoa tinha sempre mil projectos a ocorrer simultaneamente. Mas ele diz-nos que "Tudo o que faço ou medito / Fica sempre na metade", ou seja, dos seus projectos nada se realiza por inteiro, por a realidade nunca se encontrar com os seus desejos. "Querendo quero o infinito / Fazendo, nada é verdade" - os seus projectos não se realizam, confirma-se o que dissemos antes.
A segunda quadra é a mais emocional. Perante o desespero de não conseguir nunca realizar os seus projectos, fica-lhe um sentimento de vazio e de inutilidade. Veja-se como, usando uma linguagem simples mas expressiva, Pessoa passa o que lhe vai na alma. "Que nojo de mim me fica / Ao olhar para o que faço!". "Minha alma é lúdica e rica / E eu sou um mar de sargaço" - ou seja, ele sente a sua grande imaginação, a quantidade infinita de ideias e de pensamentos que nele abundam, mas ele próprio, a sua vida real, é um mar de sargaço, ou seja, um mar de algas espessas, que prendem o movimento, que impedem que ele caminha e avance. É uma metáfora que dá a entender ao leitor o estado de desespero do poeta.
É o mar de sargaços um mar onde boiam pedaços de um mar de além. Que mar é este? Trata-se porventura de um mar distante e irreal, mas livre e desimpedido, onde os sonhos de Pessoa não o prenderiam mas antes o fariam seguir em frente, onde tudo o que ele imagina podia ser real. Mas ele questiona-se - "vontades ou pensamentos? / Não o sei e sei-o bem". É muito Fernando Pessoa este final, paradoxal e intrigante. O que ele nos diz é que mesmo esse mar de além, essa futuro irreal, pode ser uma ilusão, só a sua vontade de querer ter os seus sonhos. Ele diz saber a resposta ao mesmo tempo que a desconhece, isto porque confia no Destino.
Fica sempre na metade.
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.
Que nojo de mim fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúcida e rica,
E eu sou um mar de sargaço
Um mar onde bóiam lentos
Fragmentos de um mar além...
Vontades ou pensamentos?
Não o sei e sei-o bem."
Na primeira quadra Pessoa fala sobre os seus sonhos e desejos. Dono de uma imaginação deliberante e febril, Pessoa tinha sempre mil projectos a ocorrer simultaneamente. Mas ele diz-nos que "Tudo o que faço ou medito / Fica sempre na metade", ou seja, dos seus projectos nada se realiza por inteiro, por a realidade nunca se encontrar com os seus desejos. "Querendo quero o infinito / Fazendo, nada é verdade" - os seus projectos não se realizam, confirma-se o que dissemos antes.
A segunda quadra é a mais emocional. Perante o desespero de não conseguir nunca realizar os seus projectos, fica-lhe um sentimento de vazio e de inutilidade. Veja-se como, usando uma linguagem simples mas expressiva, Pessoa passa o que lhe vai na alma. "Que nojo de mim me fica / Ao olhar para o que faço!". "Minha alma é lúdica e rica / E eu sou um mar de sargaço" - ou seja, ele sente a sua grande imaginação, a quantidade infinita de ideias e de pensamentos que nele abundam, mas ele próprio, a sua vida real, é um mar de sargaço, ou seja, um mar de algas espessas, que prendem o movimento, que impedem que ele caminha e avance. É uma metáfora que dá a entender ao leitor o estado de desespero do poeta.
É o mar de sargaços um mar onde boiam pedaços de um mar de além. Que mar é este? Trata-se porventura de um mar distante e irreal, mas livre e desimpedido, onde os sonhos de Pessoa não o prenderiam mas antes o fariam seguir em frente, onde tudo o que ele imagina podia ser real. Mas ele questiona-se - "vontades ou pensamentos? / Não o sei e sei-o bem". É muito Fernando Pessoa este final, paradoxal e intrigante. O que ele nos diz é que mesmo esse mar de além, essa futuro irreal, pode ser uma ilusão, só a sua vontade de querer ter os seus sonhos. Ele diz saber a resposta ao mesmo tempo que a desconhece, isto porque confia no Destino.
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